sábado, 1 de junho de 2013

O presente de dia das mães

   Como já havia dito, sou adotado desde os 7 meses de idade e não conheço minha mãe biológica. Bem, na verdade, não conhecia.
   Quando me adotaram, trouxeram junto apenas um par de roupa, que se não me engano, só a camiseta ainda existe, um pipo e uma carteira de vacina com as informações de meu antigo nome e o nome de minha mãe. E adivinhem só? Eu resolvi procurar a  senhora Ana Cristina, através daquele endereço. Tratei de pegar, escondido, a carteira de vacina, sem que minha mãe adotiva pudesse ver e então, depois do cursinho fui atrás do endereço. Tudo se passou no dia 5 de maio de 2011, quando eu ainda era muito bobo, ainda sofria pelo amor de um completo idiota, que não vem ao caso. Quando terminou a última aula do cursinho, eu fui um dos primeiros a sair e em direção à rua, olhava atento aos nomes das ruas nas placas e do bairro. Dois quarteirões depois eu chego à rua em que, provavelmente minha mãe morava ou havia morado, andei mais um pouco e encontrei o número; para minha surpresa, uma vila!
   Entrei na vila e parecia que meu coração iria sair pela boca! A emoção estava me dominando, mas eu não tinha a menor ideia ou certeza de que iria encontrá-la, afinal de contas, quase 18 anos haviam se passado e eu nunca tinha visto sequer uma foto 3x4 dela, não fazia a menor ideia de como era o seu rosto, seus cabelos, seus olhos, suas feições. Saí batendo de porta em porta da vila e perguntando sobre aquela moça com aquele nome e sobrenome- Ana Cristina Nunes de Figueiredo. Mas parecia que ninguém sabia de nada, ninguém a conhecia, até que em uma das casas a senhora comenta que acha que a conhece e então me leva à casa em que morava o seu irmão. Bati na porta e um garotinho olhou e gritou: "Ju, é teu amigo" aquele era meu priminho Pedro, que na época devia ter uns 6 anos. E lá veio a Juliana, com seu vestido rosa todo comportado. Juliana olhou sério e disse que não me conhecia, foi quando expliquei que estava ali procurando a minha mãe, mostrei a carteira e ela foi chamar seus pais que vieram e comprovaram que eu era parente; me chamaram a entrar e se dispuseram a ligar pra minha mãe, que está viva! e eu achando que ela pudesse estar numa melhor.
   Mamãe atendeu, eles deram a notícia e ela se pôs a chorar de felicidade, falou um pouco comigo ao telefone e me pediu pra esperar que logo ela chegaria. Enquanto isso, os novos parentes me enchiam de perguntas, algumas até constrangedoras. As horas começaram a passar e nada da mamãe, até que quase três horas depois lá vem ela, desfilando e agoniada pra saber como eu estava e me reencontrar depois de tanto tempo. Meu coração acelerou, uma vontade enorme de chorar, um aperto na garganta, mas segurei. Confesso que esperava um enorme abraço de urso, muito choro e palavras doces, mas ela foi fria, me abraçou rapidamente e pediu que entrássemos pra conversar. Para minha surpresa, ela também fez perguntas constrangedores, como por exemplo, "tens namorada, filho?" mas eu conseguia mudar de assunto, hehe. Uma data que vai ficar pra sempre na memória, pois no dia em que conheci minha mãe, além de realizar um sonho de infância, descobri que tenho mais três irmãos: Felipe, que agora tem 18 anos; Milena, que tem 15 e completava 13 naquele mesmo dia e o Caio, o caçula, que tem apenas 12 aninhos. Ela não é rica como eu esperava, mas tudo bem, o importante é que agora posso bater no peito e dizer que eu sei de que buraco e barriga foi que eu saí.

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